quarta-feira, 25 de maio de 2011

A um mês atrás, tive uma ideia maluca de viajar para Uberlândia-MG, para estudar e me preparar melhor para o vestibular da UFU. No mesmo dia, peguei o primeiro ônibus e vim. Estou na metade do caminho, daqui um mês será a segunda fase e a minha volta para Curitiba-PR. Só mais um mês.

Faltam apenas 10 dias para a Primeira Fase, e estou tranquilo. O que me incomoda mesmo é a operadora de celular a qual utilizo querendo me cobrar 3.500 reais por algo que eu não devo. Quem me conhece, sabe que eu sou uma pessoa... um pouco peculiar: calculo tudo e não gosto quando acontece algum imprevisto. Esses 3.500 reais é um valor acima do que eu trouxe para passar 2 meses aqui! Estou a 3 semanas tentando resolver e nada. Será que o Procon serve?

Hoje é meu último dia no Pensionato em que estou, o qual custa 750 reais e oferece café da manhã, almoço, jantar, roupa lavada e passada. Provavelmente terei que pagar aquela conta enorme, então procuro economizar em tudo. O novo pensionato que estou indo me custará 400 reais, e oferece café da manhã, almoço e jantar, só a roupa que eu terei que lavar. Nada difícil, sabendo que reduzi em 350 reais meus gastos.

Não tenho postado com tanta frequência pois falta-me tempo. Procuro postar sempre que algo "grande" está para acontecer. Ainda tenho um mês pela frente.

domingo, 15 de maio de 2011

Já faz 3 semanas que estou em UBerlândia-MG; 6 semanas para a minha volta à Curitiba; 3 Semanas para a 1ª fase da UFU e 6 semanas para a 2ª fase. O tempo voa. Os dias aqui tem sido agradáveis, sem muitas aventuras. A operadora a qual utilizo no meu celular quer me cobrar 1500 reais pelo uso de 1 semana, ou seja, quer me roubar. Comprei um mini-modem de um amigo aqui do pensionato, para manter-me online, e tenho estudado.

UFU ou Unifei? É a dúvida que vem me torturado há tempo... Vou na primeira que passar. UFU está na vantagem. Penso em mudar de Pensionato, para cortar gastos e por enquanto é isso. Uma vida monótona de vestibulando.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

QUARTA-FEIRA, 04 DE MAIO DE 2011



Este é meu 9º dia aqui em Uberlândia, acordo 9 horas, como de costume. Hoje completa 1 semana que estou neste pensionato e as coisas vão bem. Ando estudando muito, aproveitando a oportunidade que estou tendo. As coisas aqui vão bem, agora há 4 meninas e descobri que tenho um colega de quarto, que vem somente alguns dias dormir.

O que você apostaria pelo seu sonho? Qual preço estaria disposto a pagar? Eu fico pensando nisso. São poucas Universidades no Brasil que tem o curso de Engenharia Aeronáutica. Seria muito mais fácil ficar em Curitiba, no aconchego do lar, e fazer uma engenharia similar, mas o sentimento de "ah, se eu tivesse feito..." iria torturar-me todos os dias. Sinto saudades da minha cidade, de todos de lá. Não é fácil.

Hoje tive um pesadelo: Sonhei que voltara à Curitiba, depois de um tempo, e que tinha ido encontrar meus amigos. Eu não conseguia entendê-los. Eu estava com um novo sotaque. Acho que isso é um medo de grande parte das pessoas, não de ter um novo sotaque; mas perder a sua identidade, o que te define. Este é meu maior medo. Todos nós estamos em constante mudança, a grande sacada é a velocidade com que isso ocorre. Isto é nossa idade mental. Aí surge termos como "você tem cabeça de uma pessoa mais velha" ou "suas atitudes não refletem a sua idade". A gente aprende com as dificuldades que superamos. A tendência é de nós nos relacionarmos com nossos semelhantes.

A minha vinda para cá alterará completamente minha vida. Não pertencerei mais à Curitiba, nem a ninguém de lá. É uma nova vida, um novo caminho. Muitas das amizades que tenho só permanecerão vivas nas lembranças, mas as que sobreviverem, com certeza, serão eternas.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

QUARTA-FEIRA, 27 DE ABRIL DE 2011

Despertador toca, são 6 e meia. Tomo banho, arrumo minhas 2 mochilas que eu trouxe na viagem, deixo-as pronta para a partida. Eu preciso arranjar um lugar para ficar, não quero pagar mais uma diária. No café da manhã do hotel há pão velho e manteiga, e um café que me revira o estômago. Vou para o cursinho.

O diretor não encontra-se, mas falo com seu assistente, que me entrega 2 papéis com propagandas de pensionatos. Trouxe de Curitiba um papel com 25 endereços próximos de pensionatos e repúblicas, mas a maioria está com o número desatualizado, ou não existe mais. Começa a corrida em busca de um lugar para ficar. Agora são 8 e meia e eu tenho até as 11 e meia, para achar um lugar, pegar minhas coisas no hotel e sair de lá.

Já visitei 3 pensionatos, mas ou não tem vaga, ou é um abuso (6 meninos por quarto, preço exorbitante, etc.). Um me chama a atenção, são quartos de duplas, ambiente familiar e um preço mais acessível (750 reais por mês). É este.

Agora são 11 e 45, pego minhas bagagens e me preparo para a jornada de 2 km a pé, até o pensionato, no sol de meio dia. Demoro 4 vezes mais tempo do que sem bagagem, até acho que exagerei nas coisas que trouxe, mas enfim, chego para o almoço. Conheço os meninos daqui, agora eu sou o 5º menino. No pensionato há mais 2 meninas, e uma senhora gentil que cuida da casa. Depois do almoço, ela me passa os detalhes, sobre o dia em que a roupa é lavada, o dia que é entregue, regras em geral, etc. Tudo bem, vou para meu quarto.

Tomo um banho, desfaço as malas, descanso, me preparo para o 2º dia de cursinho (as aulas, por sorte, foram adiadas. Começaram na Terça). Já sinto saudades do curso lá de Curitiba, mas os professores daqui são muito bons também, alguns até melhores. Eu fiz a escolha certa. Não me arrependo da minha decisão. Faço minha primeira amizade, uma menina daqui mesmo, minha "tradutora".

Chego do cursinho 23:20, uma caminhada de 10 minutos, e fico conversando com os meninos daqui, para me enturmar. Decido ir dormir, agora é um pouco depois da meia noite, e as coisas aqui começam a melhorar.

domingo, 1 de maio de 2011

TERÇA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 2011

Acordo assustado, o motorista avisa que chegamos em Ponta Grossa, estou muito cansado para saber que horas são. Acordo desorientado, não sei onde estou, não há sinal no celular, são quase 3 da manhã, não vejo nada, só sinto que é um chão irregular. O ônibus treme. Acordo, são 4 e meia da manhã e é a primeira parada de 15 minutos, ainda não sei onde estou, sigo cambaleando e decido tomar um suco e comer 2 salgados, que me custam 14 reais. É o lanche mais caro que eu já tive. Acordo, devem ser 8 da manhã, estou em Bauru-SP, decido tomar café da manhã. Como um salgado, que parece de pedra, e tomo um achocolatado. Lá se vão mais 9 reais. Acordo, é a chamada do motorista para a parada de almoço, 30 min. Estou passando mal, decido não almoçar.

Já fazem 14 horas desde que saí de Curitiba-PR e decido manter-me acordado. Começo a pensar no meu futuro, como serão as coisas em Uberlândia-MG, e como esta minha ideia é insana. Eu não conheço ninguém, não conheço a cidade. Fico admirando a paisagem, e me lembrando de como tudo era mais fácil, quando se é mais novo. Agora eu me olho, 19 anos na cara, trilhando o meu futuro, longe de casa.

Finalmente, depois de aproximadamente 17 horas de viagem, chego em Uberlândia. Procuro um taxi, e falo para irmos em alguns endereços de pensionatos. Os 5 primeiros que visito, não consigo entrar em contato. Já é final da tarde, peço que me leve a algum hotel barato. Chegando no hotel, do lado da rodoviária, surge um sentimento de "fui roubado nesta corrida". Decido ficar por aqui mesmo e pegar uma diária. 30 reais é o quarto com banheiro.

Vou para meu quarto, tomo um banho, faço a barba, e penso: aonde fui me meter? Na pressa da viagem, não deu tempo da maioria das minhas roupas para a viagem secarem. Decido ir para o cursinho, fazer minha matrícula com um conjunto de roupas úmidas, aproveitando a oportunidade de lá fora estar uma garoa, para disfarçar. Levo comigo meus aparelhos eletrônicos, com medo de serem roubados do meu quarto.

Chegando no cursinho, explico minha situação, que sou de Curitiba e não conheço nada, e logo faço amizade com o Diretor, que fica preocupado com o lugar que eu arranjei, por ser um local perigoso, e que irá me auxiliar a achar uma estadia, no próximo dia. Minhas primeiras dificuldades aparecem: o sotaque. Mas aqui, eu sou o cara estranho. Terminando a aula, Minhas roupas do corpo estão secas. De volta ao hotel, conto meu dinheiro, só tenho 300 reais, tenho que urgentemente economizar.

Decido trocar de roupa, para secar as que ainda estavam úmidas. Não posso "gastar" as secas e limpas, não sei ao certo quanto tempo mais eu terei que passar sem lavá-las. Sinto fome, já faz tempo desde minha última refeição. Não tenho o que comer. Sinto muito frio, estas roupas úmidas estão acabando comigo. Consigo pela primeira vez entrar no msn, usando meu celular como modem. Está difícil, MUITO difícil.

Cogito a ideia de voltar, com o rabo entre as pernas, mas meu Ego é mais forte. Não há vitória sem a luta. Poderia estar quentinho, na minha cama, no meu quarto, ter jantado uma boa comida, com minha família; mas estou aqui, sozinho. Agora já passa da 1, Com dificuldades, tento dormir.

SEGUNDA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2011

05: 45, levanto, me arrumo, acordo meu primo Marko, meu primo de São Bento Do Sul, que está aqui em Curitiba há 2 meses, e veio para cá por causa dos estudos e trabalho. Tomamos café da manhã e vamos para o cursinho. Dia normal, como todos os que tem se seguido.

Meu nome é Cidnei Baptista Boneta, mas todos me conhecem como Cid. Um dos meus sonhos é ser Engenheiro Aeronáutico, e almejo entrar na UFU (Universidade Federal de Uberlândia), uma decisão difícil, pois irei morar longe da minha cidade natal, Curitiba, minha família e da maioria dos meus amigos, mas é minha vida, meu futuro.

Agora são 08:45 da manhã e decido conversar com o Coodernador Disciplinar, do cursinho aonde estou, para contar sobre meu desempenho nos simulados da UFU. Um homem nojento, pois o jeito com que ele trata as meninas do curso, no mínimo é um papa-anjo. Ai se eu fosse o pai de alguma daquelas meninas e visse uma cena dessas.... mas é um bom homem. Custo a acreditar nisso. Coversando com ele, descubro a existência de outro cursinho da mesma rede de ensino a qual eu pertenço, e cogitamos a ideia de transferência.

Decido acessar o site do cursinho de Uberlândia pelo meu celular, e descubro que as aulas específicas para as provas da metade do ano da UFU, começam hoje. Começo a suar, preciso ir para Uberlândia o quanto antes.

Agora, no 2º intervalo da manhã, arrumo minha mochila e saio da aula, decidido a ir em frente com esta ideia maluca. Procuro o Coordenador, mas ele está muito ocupado, babando em cima das meninas. Ele sabe que eu estou ali, mas me evita. Tento ligar para o Diretor, mas descubro que está viajando. Droga, poderia resolver isso agora, mas pelo jeito terei que sacrificar um pouco do meu tempo corrido, para voltar aqui à tarde, ver se tenho sorte de conseguir falar com esse cretino. Saio do cursinho e peço para meu pai me buscar.

Durante o almoço, converso com meus pais sobre minha ideia de viajar 1000km para estudar neste cursinho preparatório, durante 2 meses. No início, eles negam, mas no final, acabam entendendo. Sinto um aperto no coração, mas é o necessário.

Depois do almoço, corro atrás do Coordenador, para tentar falar com ele sobre a minha transferência para Uberlândia. Depois de muito sacrifício, me informa que eu tenho que cancelar minha matrícula atual, gerando uma multa de recisão de contrato, mas que será abatida com a minha outra matrícula, no novo cursinho. Aproveito o resto da tarde para passar na rodoviária, comprar minha passagem. Agora, minha viagem é definitiva. Hoje, às 22:45 embarco para Uberlândia, 17 horas de viagem.

Com o resto do tempo que tenho, arrumo minhas malas correndo e logo aparece meu pai, para me dar uma carona. Despeço-me de minha mãe, e vou para a rodoviária. estamos presos num congestionamento, então decido descer do carro e ir a pé. Meu pai acha que dá tempo, eu teimo que não. Esta é a minha despedida. Quanta bagagem! mal consigo manter-me em pé.

Chego no terminal de embarque na hora, coloco minhas malas no compartimento de bagagens, e entro no ônibus, que logo parte. Agora são 23:00, penso nas pessoas que estou deixando, neste novo futuro que estou trilhando, e tento dormir. Não será nada fácil.