domingo, 1 de maio de 2011

TERÇA-FEIRA, 26 DE ABRIL DE 2011

Acordo assustado, o motorista avisa que chegamos em Ponta Grossa, estou muito cansado para saber que horas são. Acordo desorientado, não sei onde estou, não há sinal no celular, são quase 3 da manhã, não vejo nada, só sinto que é um chão irregular. O ônibus treme. Acordo, são 4 e meia da manhã e é a primeira parada de 15 minutos, ainda não sei onde estou, sigo cambaleando e decido tomar um suco e comer 2 salgados, que me custam 14 reais. É o lanche mais caro que eu já tive. Acordo, devem ser 8 da manhã, estou em Bauru-SP, decido tomar café da manhã. Como um salgado, que parece de pedra, e tomo um achocolatado. Lá se vão mais 9 reais. Acordo, é a chamada do motorista para a parada de almoço, 30 min. Estou passando mal, decido não almoçar.

Já fazem 14 horas desde que saí de Curitiba-PR e decido manter-me acordado. Começo a pensar no meu futuro, como serão as coisas em Uberlândia-MG, e como esta minha ideia é insana. Eu não conheço ninguém, não conheço a cidade. Fico admirando a paisagem, e me lembrando de como tudo era mais fácil, quando se é mais novo. Agora eu me olho, 19 anos na cara, trilhando o meu futuro, longe de casa.

Finalmente, depois de aproximadamente 17 horas de viagem, chego em Uberlândia. Procuro um taxi, e falo para irmos em alguns endereços de pensionatos. Os 5 primeiros que visito, não consigo entrar em contato. Já é final da tarde, peço que me leve a algum hotel barato. Chegando no hotel, do lado da rodoviária, surge um sentimento de "fui roubado nesta corrida". Decido ficar por aqui mesmo e pegar uma diária. 30 reais é o quarto com banheiro.

Vou para meu quarto, tomo um banho, faço a barba, e penso: aonde fui me meter? Na pressa da viagem, não deu tempo da maioria das minhas roupas para a viagem secarem. Decido ir para o cursinho, fazer minha matrícula com um conjunto de roupas úmidas, aproveitando a oportunidade de lá fora estar uma garoa, para disfarçar. Levo comigo meus aparelhos eletrônicos, com medo de serem roubados do meu quarto.

Chegando no cursinho, explico minha situação, que sou de Curitiba e não conheço nada, e logo faço amizade com o Diretor, que fica preocupado com o lugar que eu arranjei, por ser um local perigoso, e que irá me auxiliar a achar uma estadia, no próximo dia. Minhas primeiras dificuldades aparecem: o sotaque. Mas aqui, eu sou o cara estranho. Terminando a aula, Minhas roupas do corpo estão secas. De volta ao hotel, conto meu dinheiro, só tenho 300 reais, tenho que urgentemente economizar.

Decido trocar de roupa, para secar as que ainda estavam úmidas. Não posso "gastar" as secas e limpas, não sei ao certo quanto tempo mais eu terei que passar sem lavá-las. Sinto fome, já faz tempo desde minha última refeição. Não tenho o que comer. Sinto muito frio, estas roupas úmidas estão acabando comigo. Consigo pela primeira vez entrar no msn, usando meu celular como modem. Está difícil, MUITO difícil.

Cogito a ideia de voltar, com o rabo entre as pernas, mas meu Ego é mais forte. Não há vitória sem a luta. Poderia estar quentinho, na minha cama, no meu quarto, ter jantado uma boa comida, com minha família; mas estou aqui, sozinho. Agora já passa da 1, Com dificuldades, tento dormir.

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